Amanda Gil.
07/05/2025
Direito Notarial e Registral. Grandes corporações. Arte. Literatura. Música. Amanda Gil não se encaixa em rótulos e talvez esse seja seu maior diferencial. Com uma carreira que passa pelos bastidores dos cartórios mais influentes do Brasil e grandes empresas como Vale e Grupo Pão de Açúcar, ela transita com fluidez entre mundos que, para muitos, parecem distantes. Com uma visão apurada e profunda sobre o setor, Amanda traz reflexões instigantes e uma abordagem perspicaz, tornando esta uma entrevista envolvente e repleta de insights.
1. Sua experiência abrange desde a advocacia corporativa até a consultoria jurídica para grandes empresas e cartórios. Como essas diferentes áreas enriqueceram sua visão sobre o Direito Imobiliário e Registral?
R. Desde a faculdade de Direito, tenho em mente que o meu perfil não é o de atuar na seara jurisdicional. Por isso, ainda no tempo de estágio, tive a chance de me concentrar na atuação extrajudicial no âmbito do Direito Imobiliário e Registral. Ao lidar com as ramificações da matéria, foi (e é) possível um aprofundamento nos temas, enriquecendo e aperfeiçoando constantemente minha visão sobre o assunto.

2. De oficial substituta a professora de cursos preparatórios, sua trajetória é diversificada. Como cada etapa moldou sua abordagem ao Direito e sua interação com alunos e colegas?
R. Procuro abraçar com afinco todas as oportunidades que me são confiadas, com a ciência de que tenho muito a aprender sempre. Sinto-me privilegiada pela interação com alunos e colegas, pois muito mais me ensinam e me acrescentam do que eu tenho a lhes oferecer.

3. Sua atuação como consultora jurídica incluiu empresas de grande porte, como o Grupo Pão de Açúcar e a Vale. Qual foi o maior desafio em lidar com regularizações tão complexas?
R. Creio que todos os trabalhos são importantes e, por isso, tanto o de menor até o de maior complexidade, merecem nosso empenho. É preciso ter a dimensão do problema e da expectativa do cliente, principalmente com relação ao fator "tempo", pois, geralmente, os prazos esperados são desafiadores e os maiores entraves para a condução do caso. Tratando-se de grandes empresas, a sistemática exige, ainda, uma habilidade em lidar com diversos departamentos da própria instituição, envolvidos na contratação, e que enxergam o assunto de maneira distinta.
4. Você é autora de artigos e coautora de livros com grandes nomes do Direito Registral. Existe alguma obra que te marcou particularmente e por quê?
R. Sinto-me honrada com cada convite para participar da autoria de artigos e livros. Cada um é único e especial. Destaco, no entanto, duas situações: o primeiro livro em que fui coautora, sob a coordenação do Desembargador Ricardo Dip, "Regularização Fundiária. Jurisprudência Paulista", publicado pela editora Quartier Latin, em 2016; e, a obra "Usucapião. Julgados para o Extrajudicial", também coordenada pelo Dr. Dip, em que, além de coautora, fiz a edição do livro pela Editorial Lepanto, em 2020.

5. Além do Direito, você tem experiência artística como pianista e bailarina clássica do Ballet Bolshoi, na Rússia. Como essas artes influenciaram sua visão de mundo e sua abordagem profissional?
R. Fiz aulas de ballet clássico desde a infância, assim como de piano. No ballet, iniciei para a correção de problemas ortopédicos. Acabei me formando e, na adolescência, tive a felicidade de dançar em uma das melhores escolas de ballet do mundo. Quanto ao piano, aliado à formação da dança clássica, me possibilitou o pleno desenvolvimento de características fundamentais para o êxito em qualquer projeto de nossas vidas: foco, dedicação e persistência. Foram experiências que me ajudam a não desistir de meus objetivos, pois os resultados esperados dependem de muito empenho e de muitas tentativas frustradas.

6. Você é sócia e editora de livros da Editorial Lepanto. Como surgiu essa iniciativa?
R. A Editorial Lepanto é fruto do grupo de estudos conduzido pelo Dr. Ricardo Dip. Como discípula do desembargador, tenho o privilégio de acompanhar a sua trajetória acadêmica desde meados de 2014, quando participava das aulas que ele ministrava nas instalações do 7º e do 18º Registros de Imóveis da Capital. Depois, os encontros passaram a acontecer nas instalações da ARISP e lá, visando fomentar a publicação de obras na área notarial e registral, fundamos, eu e o querido Dr. Julinho Chagas, a Editorial Lepanto. Até o momento, editamos 16 obras!

7. Você participou da organização de um evento de outorga de Doutor Honoris Causa ao Desembargador Ricardo Dip. Como foi estar à frente de um evento tão significativo?
R. Sou professora do curso de pós-graduação em Direito Notarial e Registral Imobiliário, do Centro Universitário Católico Ítalo-Brasileiro, que outorgou o título de Doutor Honoris Causa ao Desembargador Dip. Em 75 anos de existência do Centro Universitário, foi a primeira solenidade de outorga de doutoramento honoris causa promovida. Então, foi um momento muito especial. Como já dito anteriormente, procuro abraçar cada oportunidade de modo a honrar a confiança em mim depositada. Foi um privilégio compor a equipe organizadora e o evento foi incrível, à altura da grandiosidade do Dr. Ricardo Dip e da Uni Ítalo.

8. Sua fluência em múltiplos idiomas te abriu portas no campo jurídico ou trouxe uma visão diferenciada em sua carreira?
R. Não são tantos assim! Eu gosto muito de aprender. Tento, a cada dia, superar as minhas próprias limitações. Para mim, aprender um idioma possibilita adentrar à história e cultura de outras localidades. No campo jurídico, confesso que o espanhol e o francês, por exemplo, proporcionam o acesso a obras importantes na área notarial e registral, acrescentando uma base doutrinária muito relevante.

9. Você atuou como substituta em um renomado cartório na capital paulista. Como foi a experiência de transitar para a carreira de consultora jurídica?
R. Ter sido a oficial substituta do saudoso Bernardo Francez, no 18º Registro de Imóveis da Capital/ SP, foi uma experiência ímpar. A convivência diária com o Dr. Bernardo me possibilitou muito aprendizado, além do que os livros ensinam. Dediquei-me ao máximo, em que pesem as minhas imperfeições, para corresponder à altura e, com o seu falecimento, tive a sensação de dever cumprido, com muita gratidão a Deus e com a certeza de que a bagagem adquirida será sempre um diferencial na minha trajetória. Estou ainda me adaptando à falta que ele faz, mas já com novos desafios profissionais, certa de que Deus sempre reserva o melhor para nós. Tenho me dedicado à consultoria jurídica para cartórios e à docência em pós-graduação na área notarial e registral e na preparação de alunos para concursos de cartórios em todo o país.

Bate-bola:
Nome Completo: Amanda Gil
Profissão: Advogada, Professora e Editora
Time do Coração: Corinthians
Hobby Preferido: Tocar piano
Uma Música que Inspira: Cinema Paradiso, de Ennio Morricone
Uma Citação Que Te Marca: "Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa, Deus não muda, a paciência tudo alcança; Quem a Deus tem, nada lhe falta: só Deus basta." Santa Tereza D'Ávila.
Redes Sociais: @_amanda_gil

"Histrias do Ofcio" uma iniciativa em parceria entre o INR e a jornalista Samila Ariana Machado. A coluna traz entrevistas exclusivas com personalidades do setor notarial e registral do Brasil e do exterior, revelando no apenas suas trajetrias profissionais, mas tambm seu impacto social e sua essnciahumana. O projeto conta com o apoio de importantes nomes e instituies do segmento: ICNR — Instituto de Compliance Notarial e Registral, Blog do DG, GADEC Cartrios — Grupo de Alto Desempenho em Estudos de Cartrio, Pedro Rocha (Tabelio e Registrador Civil), Rogrio Silva (empresrio especializado em livros raros, clssicos e antigos), Jornal Dirio, Douglas Gavazzi — Advocacia e Consultoria Notarial e Registral, e Estudos Notariais.
Com um olhar sensvel e aprofundado, Histrias do Ofcio valoriza os profissionais que constroem, com tica e dedicao, o presente e o futuro do servio extrajudicial.








